A memória fundida no aço busca eternizar o cotidiano. A exposição Mirar, do artista plástico Pedro Miranda leva ao público brasiliense o convite para observar e sentir os desdobramentos da narrativa.
O aço que persiste no tempo e mesmo sob o efeito da ferrugem, guarda em si as marcas da história. Representando o cotidiano mineiro, cada linha traçada revela um novo enredo e nos estimula a descobrir as camadas de cada narrativa. O feminino está presente em suas obras e junto com essas mulheres consigo enxergar muita persistência.
As obras de Pedro Miranda fazem parte de um jogo de luz e sombra sobre suas esculturas, podendo revelar mais de uma história para o observador. São obras singelas, que guardam em si a simplicidade da vida no interior. Cada detalhe guarda resquícios do imaginário do artista, que em meio às curvas, sombras e mistério.
A exposição guarda um potencial que não foi totalmente explorado pelo Espaço Renato Russo. A iluminação não era apropriada, perdendo a oportunidade de evidenciar o jogo de luz e sombra que algumas obras poderiam trazer. Além disso, as esculturas foram posicionadas fora do contexto geral, ficando deslocadas no meio do salão. Não é a primeira vez que isso acontece nesse espaço.
Em outras críticas publicadas aqui na Desvio já escrevi como a existência do Espaço Renato Russo é importante para a cultura no Distrito Federal. O espaço vem sendo gerido em parceria da Secretaria de Cultura com o Instituto Bem Cultural – IBC. Na entrada da exposição existe apenas um rascunho de texto de boas-vindas do coordenador no espaço. Não foi encontrado um texto da curadoria da exposição plotado. O único texto, por sua vez, é cheio de clichês e trechos recortados de outros textos disponíveis na internet, pecando também pelo fato de ousar sair de uma apresentação meramente institucional. Tal fato decepciona fortemente. O instituto perdeu a oportunidade de destacar o trabalho de pessoas especializadas.
MAYÃ FERNANDES é formada em Filosofia pela UnB e atualmente é mestranda em Metafísica pela mesma instituição. É pesquisadora da Cátedra UNESCO Archai: Origens do pensamento Ocidental e editora da PHAINE: Revista de Estudos Sobre Antiguidade. Estuda a teoria do belo na antiguidade e escreve crítica de arte no site Linhas de fuga.
Republicou isso em linhas de fuga.
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