Lá onde tudo é diferente
As horas passam em outra velocidade
E o sol corre num sentido invertido
Lá, onde tudo é diferente,
Eu ainda sou eu mesma
Saída da mesma barriga, da mesma semente
Tendo visto tudo o que vi,
Se passo por caminhos diferentes
Esse ainda é o mesmo corpo que me conduz
Se durmo com homens diferentes,
Esse ainda é o mesmo coração que desperta sozinho
Lá faz frio e os sorrisos vêm de improviso
Aqui é quente, a pele descama e os sorrisos envelhecem
Se uma parte vai, a outra não desaparece
Tudo que está dentro muda
Tudo que está fora não me pertence
Ludimilla Fonseca é jornalista pela UFJF (MG) e mestranda em História e Crítica da Arte na UFRJ. Curadora e produtora independente, escreve regularmente para as revistas Desvio, Híbrida e O Fermento”.