Pensando na Revista Desvio como um espaço de memória (onde se fala sobre e onde se faz memória), tomo a liberdade de utilizar a coluna para resgatar a memória da minha bisavó em virtude dos 125 anos do seu nascimento na última quinta-feira.
Antônia Marzullo nasceu no Rio de Janeiro em 13 de junho de 1894 e faleceu em 25 de agosto de 1969. Mulher que viveu as transformações do início do século, Antônia trabalhou com três linguagens significativas da época: o teatro, o cinema e a rádio.
Iniciou-se no teatro em 1920 e quinze anos depois atuava no primeiro dos seus dezessete filmes, Favela dos meus amores de 1935. Em 1946 atuou no filme O Ébrio dirigido por uma mulher, Gilda de Abreu, e protagonizado pelo cantor Vicente Celestino.
Sem dúvidas, um dos aspectos que mais me chama a atenção na sua figura, além da sua jornada artística, é poder ver-la como uma matriarca. Ela não só comandou e sustentou uma família, mas também foi a primeira mulher dentro da tradição cênica familiar, da qual também foi precursora já que suas filhas e netas seguiriam o seu caminho.
De origem simples, Antônia teve três filhos e uma carreira prolífica. Na peça A moreninha (1969) atuou por última vez, apenas um mês antes do seu falecimento e já com a saúde debilitada. Mulher forte, nunca abandonou a carreira artística persistindo até o final da sua vida.
Antônias, Gildas, Cléos… Quantas mulheres não deixaram o seu nome na história do teatro e do cinema brasileiro? Em época de revisionismos, um dos papéis da crítica de arte também é resgatar essas figuras e ajudar a construir memória. Obrigada Antônia.
P.S.: A quem possa interessar, indico a página Mulheres do cinema brasileiro
*Imagem do arquivo familiar.

Vanessa Tangerini é carioca e suburbana. Ex-aluna do Pedro II e da EBA (UFRJ). Cursa a Licenciatura em Curadoria e Historia da Arte na Universidad del Museo Social Argentino em Buenos Aires, Argentina. Atualmente desenvolve sua pesquisa na área de Curadoria e Educação.
Parabéns pela matéria!!!
Conheci D.Antônia e realmente foi uma mulher de fibra.
Sou Tereza d’Arcanchy, filha de Neusa d’Arcanchy, artista plástica, prima em primeiro grau do seu pai.
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Muito obrigada, Tereza! Ficamos felizes em saber que você apreciou o texto da colunista Vanessa Tangerini.
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